sábado, 5 de dezembro de 2009

O enterro (segunda publicação)



Era madrugada de uma sexta feira 13, de junho de 1980, o frio caminhava pela cidade e o vento cantava uma opera solitária pelas cercas de madeira baixa e destruida pelos insetos que residiam em seu interior, Albert, acordou por volta das 3 horas, foi até o quarto de sua mãe e ela estava morta, ele esperou 3 dias para ter certeza.

Com certa dificuldade pegou o corpo machucado, espacando, sofrido de sua mãe, pouco convivera com aquela garota, que agora era uma senhora linda, mesmo com suas marcas de espancamento diário, seus cabelos longos escorreram pelo ombro de Albert, ela a levava como um heroi carrega a mocinha depois de sava-lá. Saindo do quarto passou pela sala, a janela aberta deixava aquele vento frio entrar e deixa a madrugada assustadora, a pouca iluminação das velas acessas no quarto de albert saiam pela porta e chegavam até a sala, antes de sai ele olhou pela janela para certificar-se que realmente não tinha ninguem ali naquela hora, abriu a porta da sala, saindo no quintal, a cova já fora aberta durante o dia, colocou o corpo de sua mãe cuidadosamente deitada, rezou para algum deus, ele não conhecia muito de religião, só o que seu pai lhe falara que era certo ou errado falar, se despidiu de sua mãe, jogou dentro de sua cova várias flores e roupas, e a ultima imagem que teve do rosto da sua mãe foi um sorriso, estranhamente aquele cadaver maltradado abriu um sorriso como se desejasse uma vida eterna a quem lhe enterrara, ao lado do seu rosto palido umaa rosa amarela.

sábado, 7 de novembro de 2009

Albert Constantino (primeira publicação)


Albert Constantino

A campainha tocou duas vezes, e Albert  foi até o portão, chegando lá apenas um pacote bem amarrado estava jogado em seu jardim de rosas amarelas. Albert  era considerado o estranho da rua, falava pouco, se vestia mal e tinha uma deficiência motora, esquizofrenia e pânico de tudo que pode existir, vivia trancafiado dentro de casa e quem passava por ali apenas escutava barulhos metálicos vindo de dentro de sua casa de madeira velha, mas seu jardim era o mais belo de toda redondeza, ninguém sabia como aquele jardim era tão bem cuidado se rara as vezes Albert  aparecia, geralmente só ia até o portão quando alguma encomenda chegava, todos acreditavam que ele fazia todas suas compras pela internet.

Mas esse pacote estranho não era nenhuma da suas encomendas, Albert achou estranho, mesmo assim ele juntou o pacote, um pacotes de papel, amarrado com um barbante, e um envelope escrito a mão com a letra “A”. Sem saber o que era, e ali jogado em seu jardim de rosas amarelas, Albert  recolheu o embrulho e o levou para dentro.

Saindo da grama seguiu pelo caminho de pedra sabão até chegar na porta de sua casa, como sempre com aquele pânico de estar sendo perseguido, olhou para os dois lados, para trás e para dentro da casa antes de entrar, e ao fechar a porta refez o procedimento padrão.
Ele notou um senhor de barba por fazer e mal vestido do outro lado da rua, escondido atrás de um poste, que disfarçadamente o observava, Albert sabia que aquele embrulho tinha algo a ver com aquele senhor que estava parado ali em frente a sua casa. Ao entrar logo foi para a janela, a cortina fina mostrava apenas seu semblante, tentou procurar por aquele senhor, mas ele não estava mais lá.

Colocou o embrulho em cima do sofá de canto, um sofá vermelho, surrado pelo tempo, os descanso de braço já estavam gastos e deixavam a mostra o maderame, não deu muita importância para a estranha entrega fora de época. E foi para seu laboratório.

Albert Constatino, não era um galã de novela, aparentava ter uma média de 25 anos, a entrada em seu couro cabeludo revelavam que logo ficaria careca, sua deficiência motora foi herdade de seu pai o senhor Alfonso Constantino, um trabalhador rural que foi para a cidade grande aos 32 anos  e encontrou Antonieta, uma jovem linda, aquelas de parar o transito,  Alfonso, ficou admirado quando viu aquela moça linda, cabelos loiros e cacheados, bem cuidado, pele que exalava um cheiro doce e hipnotizador, seu andar cadenciado, seu charme sem igual, mas não foi uma troca mutua de sentimentos nesse primeiro encontro, Antonieta nem sequer olhou para aquele rapaz vindo da roça, pele queimada do sol, envelhecido precocemente, mas Alfonso jurou que casaria com aquela mulher, por bem ou por mal. E foi por mal que eles ficaram juntos, um mês de tentativas de se aproximar daquela bela garota não foi satisfatória, e a única coisa que conseguiu foi um desprezo que amarrou com linha de aço seu coração fazendo o sangrar, foi quando resolveu seqüestrar aquela garota e levar para bem longe dali. E assim o fez, em um sábado de sol e céu azul. desde então nunca mais viram a moça.

O pânico de tudo, ele adquiriu na infância, por que seu pai deixava a casa toda fechada, já que ninguém poderia saber do crime que cometia deixando uma moça em cárcere privado a tanto tempo, não deixava o garoto ter amigos, nem fazer festas, ele apenas ia até o colégio e voltava, e rara mente ia até o quintal, naquela época ainda não tinha um belo jardim, apenas grama e mato alto, insetos, baratas e aranhas naquele quintal.

Albert estudou até a quarta serie do ensino fundamental, com as freqüentes ameaças dos companheiros de classe, e motivo de piadas, o fizeram desistir de freqüentar as aulas, sua professora a Maria Adelaide, até tentou manter o menino nas aulas, mas não deu certo, mandava diversas cartas aos seus pais, para que os colocassem em uma escola adequada para sua situação, era um garoto muito inteligente, mas com deficiência motora, não conseguia se concentrar na aula, falava sozinho e sempre estava com medo, as portas e janelas deveriam ficar fechada para o garoto se sentir a vontade, ele sempre com a mesma roupa, boné e uma capa, que o faziam ficar invisível, para ninguém o sacanear, isso era o que passava na cabeça do garoto, seu pai que o fez pensar assim, e toda vez que algo magoasse seus sentimentos ele se enrolava na caba e abaixa a aba do boné, para sumir daquele local, e ficava assim até todos irem embora, e a professora Maria a dede como era conhecida, viesse até ele e o abraçava e falava que poderia ir embora, a Dede era a única que abraçava o garoto, aquele abraço confortável, que faz você se sentir o mais amado do mundo, mas aquele sentimento durava míseros dez segundos e meio. Ele ia para casa, onde ficava trancafiado dentro da sala de leitura, ele tinha de tudo, gibis, livros para sua idade e livros avançado para sua idade, brinquedos, bola de tênis, golfe, futebol basquete, autorama tinha de tudo naquele quarto que ficava no subsolo da casa de madeira que ainda era nova.

E foi nesse quarto que Albert se interessou por criações, vivia desmontado seus brinquedos de um construía dois e de três construía um. Seu pai ficava orgulhoso do garoto prodígio. Quase nunca via sua mãe, apenas escutava sua voz, e as vezes seu choro, o Maximo que via era pela porta entreaberta ela passando, sempre bonita, bem cuidada, mesmo sem poder sair de casa, um barulho de corrente a acompanhava onde ela estivesse, e como Albert conhecia muito bem a casa, pelo som das correntes no chão ele sabia em qual cômodo sua mãe estava, sabia qual momento sua refeição ou seu lanche chegariam.

E foi assim vivendo toda sua infância que passou Albert, quando chegou perto dos dezessete anos, Albert precisava de dinheiro, e não sabia como faria, começou a ler sobre várias coisas naqueles empoeirados livros, e entre eles, o mais antigo, datado de 1800, achou um sobre rosas amarelas, leu tudo o que tinha que ser lido, aquele pequeno cientista maluco, resolve que a partir daquela data, plantaria rosas amarelas naquele quintal imundo que seu pai não cuidava. Foi até Alfonso, seu pai, e perguntou-lhe se poderia cultivar rosas amarelas, mas seu mai negou, e disse que aquilo estava fora de questão, mesmo sabendo que o garoto queria começar a ganhar dinheiro e pode comprar o que desejaria. Mas Alfonso disse com todas as letras que jamais deixaria seu filho vender rosas, ainda mais amarelas.

Foi a partir dessa data que nunca mais Alfonso Constantino foi visto.

Preparando o quintal

Albert, sempre foi tímido, e escolheu as noites de lua cheia para limpar o seu quintal, durante o dia ele preparava uma mistura estranha para preparar a terra, alias aquela terra do quintal muito provavelmente seria infrutífera, e quando os lobos começavam sua ópera, lá ia o garoto com seu ferramental, desenvolvido por ele mesmo com restos de madeira e ferro que encontrava em sua casa. Nesse período que ele pode ver sua mãe, ele perdera aquele ar de tristeza, e estava mais alegre, seu rosto com algumas cicatrizes, seu corpo com um arroxeado fantasmagórico, deixam o garoto com perguntas, mas ela não queria comentar, o garoto tirou todas suas correntes, as dos pés e as da mão e o cinto de corrente velha, tinha mais um conjunto de cadeados que uniam a corrente nos varais espalhados pela casa, seu pai construiu uma espécie de trilhos no teto e acorrentou a pobre  Antonieta, que agora estava livre daquelas correntes. Albert ganhava abraços tão confortáveis quanto os que ganhava na escola, ganhava beijos e palavras doce, mas na mente do garoto aquelas palavras já não faziam sentido, já que palavras de amor ele não conseguia entender, talvez pelo fato de ter ouvido poucas vezes, quase nenhuma vez pra ser verdade.

Trabalho durante todas as madrugadas de lua cheia, e quando olhava em direção a janela da sala, lá estava sua mãe admirando o rapaz que trabalhava para plantar suas rosas amarelas, notava também que sua mãe estava fraca e logo morreria. Quando terminava o serviço, sua  mãe estava lá, pronta para lhe dar o melhor lanche de sua vida, cada dia que passava a comida era mais gostosa, e Albert  estava feliz e começava a entender o significado da palavra mãe.

Depois  de alguns meses sua mãe veio a falecer, pobre garoto, passou míseros cinco meses ao lado de sua mãe, nesse período Albert, trocou seu velho computador por um mais moderno, onde começou a fazer pesquisas na internet sobre cultivo de flores, como deixá-las lindas e fortes, ele queria as rosas mais linda do mercado, assim poderia ganhar mais dinheiro do que os atuais vendedores de rosa da cidade. Ele usava a conexão sem fio de seu vizinho, que não sabia muito como configurar para não ser usada por estranhos. Albert também fazia suas compras pela internet, ainda restava algum dinheiro na conta bancaria de seu pai, apesar de ser um homem da roça, durante os anos de serviço economizou muito dinheiro, e com a morte dos seu parentes herdou uma fortuna, foi quando ele foi para a cidade, Albert mesmo tendo sua deficiência motora, ele conseguia se virar em sites de compra, comprava mantimentos para casa, roupas, calçados e brinquedos, acessava o site do banco para ver quando de dinheiro tinha, apesar de todos os problemas aquele ser, agora com dezoito anos conseguia coisas incríveis.

Comprou suas primeiras sementes e algum ferramental para começar a seu cultivo, ele continuava a ir em seu quintal, agora totalmente diferente, os seres que habitavam lah estava alojados em outra parte onde ele deixo exclusivamente para eles, Albert acreditava que a casa daqueles bichos deveria continuar, mas em outro lugar.

A vizinhança tinha uma surpresa a cada dia depois de noites de lua cheia, muita gente passava por ali para admirar o jardim, tirar foto ou só ficar admirando aquele local que antes era um jardim infernal agora já estava com ar de felicidade, e com rosas amarelas florescendo,   eram rosas amarelas que significam amizade, felicidade e preocupação a quem se da de presente.



(continua)